11 agosto 2014

Síndrome Úveo Dermatológica

Síndrome úveo dermatológica é uma doença rara, que tem como causas fatores hereditários e imunomediados (devido ao funcionamento anormal do sistema imunológico) não totalmente esclarecidos.

Os animais com esta síndrome produzem auto anticorpos contra os melanócitos, células presentes nos olhos e também na pele, responsáveis pela produção de melanina, pigmento responsável pela coloração da pele e pêlos, presente também nos olhos, levando ao quadro de panuveíte granulomatosa ( inflamação generalizada  dos olhos), despgimentação da pele e dos pelos.

Ocorre com maior frequência em cães adultos jovens e de meia idade, especialmente em Akitas. As raças mais acometidas são: Akitas, Husky Siberiano, Samoieda, Chow Chow, Setter Irlândes, Teckel, Pastor de Shetland, São Bernardo, Old Englis Sheepdog e Fila brasileiro.

Os sinais clínicos oculares, podem ser de rápido surgimento com diminuição ou ausência dos reflexos pupilares à luz, blefaroespasmo, fotofobia, uveíte anterior, precipitados ceráticos, hifema, coriorretinite, conjuntivite, descolamento de retina, catarata, glaucoma, cegueira.

Os sinais oculares podem desenvolver antes, junto com os sinais da pele, ou após o surgimento destes. Os sinais dermatológicos incluem: despigmentação do focinho, lábios e pálpebras. Ocasionalmente, a bolsa escrotal, vulva, ânus, coxins, palato duro também podem sofrer despigmentação. Além da despigmentação, a pele pode tornar-se ulcerada, erodida, crostosas, e mais raramente, pode haver despigmentação generalizada não só da  pele como também  do pelame.

A síndrome úveo dermatológica deve ser diferenciada de outras doenças imunomediadas como lúpus eritematoso discoide e pênfigo, neoplasias como linfoma epiteliotrópico e doenças discrômicas como o vitiligo.

O diagnóstico definitivo é estabelecido por meio do exame de biópsia (retirada de fragmentos cutâneos) seguido da análise histopatológica, que demonstra, incontinência pigmentar, dermatite de interface liquenoide com células inflamatórias como histiócitos, plasmócitos e  linfócitos.

A síndrome úveo dermatológico não tem cura, e o  tratamento deve perdurar por toda a vida do animal. Para o controle da doença, utiliza-se drogas que tem a capacidade de modular (regular) o sistema imunológico, diminuindo/aniquilando a resposta inflamatória contra a pele e os olhos, como: corticoides, azatioprina, ciclosporina, tetraciclina e niacinamida, ciclofosfamida. Além das medicações sistêmicas de uso oral, no início do tratamento também são utilizados colírios como auxiliares no tratamento.

                                      Antes do tratamento



                                                         



Quanto mais cedo for estabelecido o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhores são as chances de sucesso e menor a possibilidade sequelas nos olhos.  O tratamento perdura o resto da vida, e embora em grande parte dos animais é  possível estabelecer um bom controle, em outros animais, pode haver quadros de piora da doença mesmo com a manutenção do tratamento.

A chave do tratamento, é estabelecer dose dos medicamentos que mantenham a doença sob controle, sem entretanto, prejudicar a saúde do animal pelos efeitos colaterais inerentes a todas as drogas. Por ser uma doença crônica requer acompanhamento constante, porém é possível dar aos animais qualidade de vida e expectativa de vida.


Fonte: Dermatologia de Pequenos Animais - Keith A. Hnilica , 2011; Dra Camila Domingues de Oliveira