A sarna demodécica, também conhecida como demodicidose ou sarna negra, é uma doença
parasitária causada pela proliferação excessiva de ácaros do gênero Demodex sp na pele. Este ácaro é considerado como parte da microbiota cutânea,
ou seja, todos os cães os possuem em pequena quantidade nos interior dos seus folículos
pilosos, adquiridos pelo contato com a mãe
durante os primeiros dias de vida. Além do ácaro Demodex canis, que é o mais comum, outros ácaros deste mesmo grupo como Demodex injai e Demodex de corpo curto, podem também levar ao quadro da doença.
Apesar de todos os cães abrigarem este ácaro em pequenas quantidades em seus folículos pilosos, somente em alguns cães, estes ácaros se proliferam exageradamente a
ponto de causar a doença sarna demodécica.
Os mecanismos responsáveis pela
multiplicação excessiva do ácaro além do normal com consequente manifestação da
doença, ainda não é totalmente compreendido, mas acredita-se que fatores
genéticos, principalmente na demodicidose juvenil (quando manifestada em animais jovens, até 1 ano de idade) e fatores imunológicos ( queda de
resistência, imunossupressão), endoparasitismo, má nutrição, doenças sistêmicas
graves, uso de medicamentos que suprimem a ação do sistema imunológico,
contribuam para o desenvolvimento da doença.
A sarna demodécica, pode ser
classificada, quanto a sua manifestação, como localizada: quando acomete de 4 a
6 áreas de lesões como falha de pelo, eritema (vermelhidão), descamação. Esta forma da doença é considerada como sendo benigna, pois raramente generaliza-se para outras partes do corpo e muitos cães podem apresentar cura espontânea ( sem uso de medicamentos). Já a forma generalizada atinge proporções maiores da superfície corpórea podendo se estender por todo o corpo.
Quanto a idade de manifestação da
doença, a sarna demodécica pode ser classificada como juvenil ou do adulto,
juvenil quando os primeiros sintomas aparecem
até 1 ano de idade para cães de pequeno e médio porte e 1,5 ano para
cães de grande porte, e como sarna demodécica do adulto, quando acomete animais
na fase adulta. Em cães, que manifestam o quadro de demodicidose pela primeira vez na
fase adulta, é necessário, investigar a possibilidade de outras doenças, visto
que pode ocorrer em virtude de diminuição da imunidade.
As lesões que a sarna demodécica
causa varia desde uma simples falha de pelo, com vermelhidão e descamação,
desde lesões como pápulas, pústulas, crostas, secreção piosanguinolenta quando
da infecção secundária por bactérias da pele. Com o progredir da doença a pele
do animal pode ficar hiperpigmentada ( dai o nome sarna negra), espessa e com
alteração da oleosidade. Alguns animais podem apresentar febre, prostração,
diminuição do apetite e com aumento dos linfonodos (“ínguas”).
A sarna demodécica deve ser diferenciada de doenças que podem apresentar sintomas clínicos semelhantes como: piodermites, dermatofitose, pênfigo foliáceo, leishmaniose, adenite sebácea, seborreia entre outras.
O diagnóstico da doença é feito
através do exame parasitológico de raspado cutâneo ( raspado de pele) e suas variações, no qual se
pode evidenciar a presença de grande quantidade de ácaros.
O tratamento da sarna demodécica é
longo, geralmente de 4 a 8 meses, e o ideal é que o tratamento só seja interrompido após a obtenção de dois raspados de pele negativos para o ácaro, com intervalos mensais, a fim de que se evite recidivas da doença após a suspensão do
tratamento. Um das grande falhas de tratamento ou recidivas, é a interrupção precoce do tratamento, baseada somente na melhora clínica das lesões e não na negativação dos raspados de pele.
Atualmente, existem muitos
medicamentos para o tratamento da sarna demodécica, e quando realizado da
maneira correta, os animais respondem muito bem ao tratamento, embora, haja uma
pequena parcela de cães que podem apresentar recidivas constantes, indepedentemente do tratamento empregado.
Todos os medicamentos utilizados para o tratamento da demodicidose são capazes de induzir efeitos colaterais como: vômito, diarreia, tremor, sonolência, incoordenação motora, até convulsões, por isso, é extremamente importante o acompanhamento do médico veterinário por todo o tratamento até a obtenção da alta clínica.