COCEIRA CRÔNICA EM CÃES E GATOS - ENTENDENDO
A DERMATITE ATÓPICA
1. O que é dermatite atópica?
1. O que é dermatite atópica?
1. O que é dermatite atópica?
A dermatite atópica ou atopia é uma doença
alérgica, inflamatória da pele, multifatorial, de ordem genética, que acarreta coceira crônica, constante, de intensidade variável decorrente de alterações na barreira cutânea, e também de uma hiperreatividade (hipersensibilidade) do sistema imunológico frente a diversos
alérgenos (agentes presentes no ambientes capazes de estimular o sistema imunológico, como ácaros da poeira doméstica, epitélio de insetos, bolores e fungos do ambiente, pólens de gramas, flores, árvores).
2. Alterações da barreira cutânea x dermatite atópica
2. Alterações da barreira cutânea x dermatite atópica
A pele é maior órgão do organismo e
tem como principais funções a proteção
contra agentes externos, fatores físicos, e substâncias químicas, e também a
função de manter a hidratação.
Em animais com dermatite atópica a
barreira cutânea encontra-se alterada. Nestes animais há menor produção de
proteínas, lipídeos e ácidos graxos, responsáveis por manter as células da pele
unidas. A deficiência destas substâncias faz com que os espaços entre as
células da pele aumentem, facilitando a perda de água pela, ocasionando
ressecamento e facilitando a penetração
de agentes externos na pele.
Além
disso, a pele dos animais atópicos produz menos substâncias capazes de
controlar a população de bactérias e leveduras na pele, o que faz com que estes
animais tenham frequentemente episódios de infecção bacteriana (piodermite
superficial) ou fúngica (malasseziose tegumentar).
Pele de um animal saudável - células da pele unidas e pequena quantidade de bactérias e leveduras na superfície |
Pele de um animal com dermatite atópica - células da pele todas separadas, grande quantidade de bactérias e leveduras na superfície |
3. Hiperreatividade cutânea x dermatite atópica
Cães com dermatite atópica, por
apresentarem deficiência na barreira cutânea, se tornam mais susceptíveis a
penetração de substâncias irritantes, alérgenos ( fatores que causam alergia) e
microorganismos como fungos e bactérias na pele. A frequente e repetitiva
exposição a estes agentes, faz com que as células do sistema imunológico
presentes na pele do animal atópico, torne-se sensibilizada e hiper-reativa a
eles, levando a liberação de diversas substâncias que causam coceira e
inflamação a cada novo contato.
Os principais agentes externos que
contribuem e perpetuam a hiper-reatividade cutânea compreendem:
a.
Aeroalérgenos:
ácaros, bolores, pólens
b.
Microorganismos:
bactérias e leveduras residentes da pele
c.
Irritantes
cutâneos: cobertores, roupinhas de lã, soft, tricô, flanela, carpetes, tapetes,
produtos de limpeza, perfumes, material de contrução, resina urticante presente
nas gramas e gramíneas
d.
Alimentos:
principalmente de origem alimentar (carne de frango, bovina, leite e derivados,
ovo) e também de origem vegetal (soja, milho, trigo)
e.
Picada
de insetos: pulgas, carrapatos, mosquitos
4.
Quais principais sintomas de dermatite atópica?
O principal sintoma da
dermatite atópica é a coceira, normalmente de forma constante, crônica,
recidivante, de intensidade variável desde leve a intensa. O comportamento de
coçar pode ser evidenciado pela coçar com as patas, roçar em moveis, paredes e
tapetes, lambedura ou mordiscamento das patas. A coceira é o sintoma que mais
incomoda os animais, podendo estar presente mesmo quando não há lesões na pele.
Os animais podem ainda apresentar lesões de pele, como vermelhidão (eritema),
espessamento da pele, aumento da pigmentação com escurecimento da pele, pápulas (bolinhas vermelhas), escoriações, alterações na
oleosidade da pele e crostas amareladas. É frequente a infecção secundária por
bactérias e leveduras, levando respectivamente a quadros de piodermite e
malasseziose tegumentar
5. Quais os locais mais afetados na dermatite atópica?
Os locais mais acometidos na
dermatite atópica são: quadros de otites repetitivos, patas
principalmente as regiões interdigitais, região inguinal, região axilar, região
cervical ventral, peitoral, região periocular e região perilabial e região de
flexuras e dobras ( prega inguinal, flexura cranial do cotovelo)
6. Como o diagnóstico de dermatite atópico é estabelecido?
O diagnóstico da dermatite atópica é
estabelecido através do histórico do animal associado ao quadro clínico, sendo
necessário descartar outras doenças que levam a coceira como doenças parasitárias:
escabiose, infeções bacteriana e fúngicas, alergia à picada de
insetos e alergia alimentar. Resumindo, pode-se dizer que o diagnóstico da
dermatite atópica é clínico e por exclusão de outras doenças de pele que
desencadeiam coceira (prurido).
7. A realização de testes alérgicos é necessária?
O diagnóstico definitivo da atopia é
clínico, ou seja, é baseado pelo histórico do animal e pela características das
lesões, e também pela exclusão de outras
doenças que levam coceira ( descritas no tópico acima). Somente nos animais em
que a diagnóstico de atopia já foi estabelecido os teste alérgicos devem ser utilizados.
A realização dos testes alérgicos visa identificar os fatores ambientais que
contribuem para a alergia, como intuito de diminuir a exposição a eles e com o
intuito de iniciar o tratamento através do emprego de "vacinas para alergia" (
imunoterapia)
8. Como é feito o tratamento da dermatite atópica?
A dermatite atópica é uma doença
incurável, isto significa que não é possível curá-la, o tratamento visa
diminuir os sintomas clínicos e permitir uma melhor qualidade de vida com o bom
controle da doença. Para o tratamento, é necessária a adoção de várias medidas
terapêuticas de forma conjunta para obter maiores chances de controle da doença,
como:
a.
Diminuição
da exposição à aerolérgenos ambientais como: poléns, gramíneas, bolores e
fungos do ambiente, ácaros da poeira doméstica
b.
Eliminar
infecções secundárias como aquelas causadas por fungo e bactérias
c. Evitar
a exposição à pulgas e carrapatos
d.
Diminuir
coceira e inflamação através do uso de medicamentos
e. Diminuir a hiperreatividade do sistema imunológico através através de imunoterapia ( vacinas para alergia)
e. Diminuir a hiperreatividade do sistema imunológico através através de imunoterapia ( vacinas para alergia)
e.
Hidratação
da pele e recuperação da barreira cutânea
O tratamento é individual para cada animal, o médico veterinário analisando cada caso estabelecerá uma terapia que deverá ser mantida por toda vida do animal afim de se manter a doença sob controle, com o tratamento e medicação é possível oferecer animal controle da doença e assim melhorar sua qualidade de vida
O tratamento é individual para cada animal, o médico veterinário analisando cada caso estabelecerá uma terapia que deverá ser mantida por toda vida do animal afim de se manter a doença sob controle, com o tratamento e medicação é possível oferecer animal controle da doença e assim melhorar sua qualidade de vida
Fonte: Dra Camila Domingues de Oliveira - CRMV/SP 19316